Ballaké Sissoko, kora tales
Ballaké Sissoko, kora tales
mali 2023, 52'
Auditório Soror Mariana
19 mai / 21:30

ESTREIA MUNDIAL


Com a presença dos realizadores LAURENT BENHAMOU e LUCY DURÁN.

Ballaké Sissoko, músico maliano premiado e de renome mundial, leva-nos numa viagem única na senda do seu instrumento, a kora, uma harpa de 21 cordas da África Ocidental, cujas origens estão envoltas em lendas. A viagem começa na casa de Ballaké em Bamako, capital do Mali, onde nasceu e cresceu. No terraço, ouvimos o seu grupo de jovens estudantes de kora a tocar uma música sublime. O primo de Ballaké mostra-nos a complexa arte de fazer uma kora e leva-o a visitar, pela primeira vez, as majestosas colinas rochosas onde nasceu o grande império do Mali. Viajando mais para oeste, numa canoa, em direção ao Senegal e à Gâmbia, de onde a sua família é oriunda, Ballaké cruza o rio Casamance para se encontrar com uma família de tocadores de kora que mantém vivo o velho estilo tradicional do instrumento. Inspirado, Ballaké toca a kora pela noite dentro, ao som dos grilos e dos pássaros noturnos, recordando a sua própria herança naquela parte do mundo. Narrado pelo conhecido rapper maliano Oxmo Puccino, este filme leva-nos ao coração da tradição da kora, à sua mística e às lendas que a rodeiam.

LAURENT BENHAMOU

Francês de origem norte-africana, tem sido sempre guiado pelo amor à música. Antes de se tornar realizador de cinema, trabalhou na rádio, foi programador numa sala de concertos em Paris e passou seis anos na conceituada revista Mondomix, supervisionando a produção de vídeo. Em 2012, realizou Croisées Métisses, o seu primeiro documentário de 52 minutos para a televisão francesa. Ahinamá, filmado em Cuba em 2017, recebeu o prémio SACEM para o melhor documentário musical. Em 2022 co-realizou, com Lucy Durán, Ballaké Sissoko, kora tales, filmado no Mali, no Senegal e na Gâmbia, para a TV5 Monde.

LUCY DURÁN

Professora de Música na Escola de Estudos Orientais e Africanos, (Universidade de londres), tem origem espanhola e é especialista em música do Mali e de Cuba. Foi apresentadora do programa World Routes da BBC Radio 3 durante a sua duração, entre 2000 e 2013. Produziu 26 álbuns, com três nomeações para os Grammy. Entre os seus filmes contam-se Tegere Tulon: handclapping songs of Mali (2019), nomeado em 2021 para Melhor Documentário de Curta-Metragem no Festival de Cinema Pan-Africano de Cannes. Em 2022, Lucy Durán foi curadora do ciclo de cinema do Festival Imaterial, em Évora, e recebeu o prémio do Festival pelo seu trabalho. É co-realizadora do filme Ballaké Sissoko, kora tales, que tem estreia mundial na edição de 2023 do Festival Imaterial.
The Sound of Masks
The Sound of Masks
áfrica do sul / portugal 2018, 70'
Auditório Soror Mariana
21 mai / 18:30
SARA CF GOUVEIA
Filme selecionado pelo Laboratório Associado IN2PAST

Atanásio Nyusi é um poderoso contador de histórias e lendário dançarino de Mapiko. Leva-nos numa jornada surreal que entrelaça o passado colonial e o presente de Moçambique. Usando música, dança e o corpo como arquivo de um saber coletivo, este documentário mostra-nos o horror da guerra através da beleza da dança e da poesia.

SARA GOUVEIA

Realizadora premiada que vive na África do Sul. Os seus filmes têm uma forte estética visual e exploram a fronteira entre ficção e realidade. O primeiro documentário de longa-metragem de Sara Gouveia, “The Sound of Masks”, teve estreia mundial no Festival Internacional de Cinema Documental de Amesterdão (IDFA) 2018 e foi considerado pelo site Africa is a Country como “uma meditação visual sobre a natureza da memória nas sociedades pós-coloniais”. O filme foi selecionado para o Festival Internacional de Cinema de Marraquexe 2018, Hot Docs 2019, Festival de Cinema Africano de Nova Iorque 2019, Festival Internacional de Cinema de Durban e DocLisboa 2019, entre outros, e recebeu vários prémios. Sara Gouveia tem trabalhado como argumentista, realizadora, cineasta, editora e criou uma série de vídeos musicais.
La Tumba Mambi
La Tumba Mambi
cuba 2022, 28'
Auditório Soror Mariana
22 mai / 18:30
ALEXANDRINE BOUDREAULT-FOURNIER, DJ JIGÜE

Na sequência da Revolução Haitiana (1791-1804), muitos colonos franceses viajaram para o leste de Cuba com escravos africanos, para escapar à revolta. As Sociedades de Tumba Francesa, conhecidas como irmandades e redes de ajuda mútua, surgiram destas vagas de migrações de escravos e acabaram por se tornar parte integrante da cultura cubana. La Tumba Mambi (recentemente galardoado com o prémio de Melhor Documentário Musical pelo Royal Anthropological Institute, do Reino Unido) é um filme de ficção documental baseado na Tumba Francesa La Caridad de Oriente, sediada na cidade de Santiago de Cuba. Através de Flávio, o elemento mais jovem desta Sociedade, que está a recolher informações sobre a Tumba Francesa para um projeto escolar, conhecemos a sua avó Andrea e a sua mãe, Queli, duas carismáticas guardiãs das ricas tradições culturais. A banda sonora original do filme, composta e produzida pelo DJ Jigüe, de Cuba em colaboração com membros da Tumba Francesa, recorda-nos, de forma rítmica e marcante, que o presente assenta numa história de luta pela liberdade.

ALEXANDRINE BOUDREAULT-FOURNIER

Professora de Antropologia na Universidade de Victoria, Canadá. Desde 2000 que desenvolve investigação sobre música eletrónica, infraestruturas mediáticas e consumo e circulação de dados digitais em Cuba. É autora do livro Aerial Imagination in Cuba: Stories from Above the Rooftops (2019), e editora-chefe da revista Anthropologica. Realizou o filme Golden Scars (2010) e co-realizou os filmes Guardians of the Night (2018), Fabrik Funk (2015) e The Eagle (2015).

DJ JIGÜE

É atualmente um dos DJs mais conhecidos da cena eletrónica cubana, desenvolvendo a sua própria estética denominada Afrofuturismo Tropical. Combina ritmos ancestrais com a presença ao vivo de tambores afro-cubanos, ondas afro-futuristas e eletrónicas. DJ Jigüe é o criador da Guámpara Music, a primeira editora independente de música urbana em Cuba.
Dança Minha Filha
Dança Minha Filha
moçambique 2023, 59'
Auditório Soror Mariana
23 mai / 18:00
KAREN BOSWALL DE GIVANDÁS

filme legendado em português


Com base numa vasta investigação levada a cabo por jovens músicos e cineastas moçambicanos, em colaboração com a premiada cineasta Karen Boswall de Givandás, “Dance My Daughter” oferece uma perspetiva feminina sobre o lento progresso de Moçambique no sentido do reconhecimento dos direitos humanos das mulheres e meninas em todo o país. Aqui, onde as vozes das mulheres e das meninas muitas vezes não são ouvidas, sem uma linguagem comum, o canto e a dança funcionam como veículos de protesto e de provocação, de lamento e de celebração. Através do canto, da dança e das histórias, elas partilham os segredos da sua relação com a terra, com os maridos, com a família e com a comunidade. Em Niassa, no norte do país, as mulheres partilham os seus cânticos de ritual, negociação, agricultura e maternidade e refletem sobre a precariedade de viver da terra e sobre os desafios de trazer as filhas para um mundo em constante mudança. Na capital, Maputo, uma versão feminina do xigubu, uma dança guerreira masculina, é apresentada por jovens mulheres em resposta aos níveis crescentes de violência baseada no género. Quase cinquenta anos depois de Moçambique se ter tornado independente de Portugal, a próxima geração de investigadores e cineastas moçambicanos parte do forte legado nacional de canções, danças e cinema revolucionário para garantir que mais histórias de mulheres sejam contadas através das suas próprias vozes.

KAREN BOSWALL DE GIVANDÁS

Cineasta, etnomusicóloga e antropóloga visual, atualmente na Universidade de Sussex e na London South Bank University, e uma instrumentista profissional que viveu e trabalhou durante muitos anos em Moçambique. Os seus filmes e documentários radiofónicos, distinguidos com vários prémios, exploram os mundos espirituais, culturais e ambientais de indivíduos e comunidades através das práticas musicais e da dança. Realizou o doutoramento em investigação musical colaborativa e produção cinematográfica em Moçambique, com enfoque na representação das mulheres. Continua a usar metodologias audiovisuais colaborativas e descolonizadoras para apoiar aqueles que trabalham para melhorar o acesso aos direitos humanos básicos em Moçambique, especialmente mulheres e meninas.
The Soil
The Soil
polónia 2021, 72'
Auditório Soror Mariana
25 mai / 18:00
ZUZANA SOLAKIEWICZ

Este documentário, filmado em ritmo lento e com uma enorme beleza, explora a relação entre as mulheres, a música e a terra na Polónia. São as canções e as suas letras, comentando com humor e pungência a vida, o amor, a terra e a ação feminina, que fornecem uma estrutura narrativa ao filme: crua, autêntica e desprovida de intervenções modernas. A etnógrafa e vocalista tradicional Ewa Grochowsva é a protagonista, acompanhada por grupos intergeracionais de mulheres, enquanto estas realizam as suas tarefas quotidianas nos campos e em casa, seja a amassar, a organizar um casamento ou a fazer piadas sobre namorados. A voz encantadora de Ewa transmite o seu amor pela “terra fresca sob os pés”; diz-nos que “as minhas irmãs iam para a escola e eu ia para o campo”. Através das canções folclóricas, estas mulheres exprimem a sua ligação à natureza, bem como as suas experiências de vida quotidianas, muitas vezes difíceis. Recordam a colheita da batata, falam da forma como o trabalho na terra afetou as suas mãos. Ouvimos os sons do vento a soprar nos campos, as vozes das aves selvagens, as máquinas de colheita de cereais - paisagens sonoras que atestam um modo de vida mais antigo na Polónia rural. The Soil dá às mulheres rurais polacas uma oportunidade única para exprimirem, através da música, as suas vidas e aspirações e a necessidade de um pensamento mágico. A câmara observa as protagonistas de perto, com ternura, enquanto capta a natureza à distância, como algo belo, mas impossível de domar.

ZUZANNA SOLAKIEWICZ

A escritora e realizadora polaca Zuzanna Solakiewicz licenciou-se em Humanidades na Universidade de Varsóvia. Entre 2005 e 2009, estudou realização cinematográfica na Sam Spiegel Film & TV School, em Jerusalém. Concluiu um estágio na Escola de Cinema de Lodz. As suas curtas-metragens e documentários foram apresentados com êxito em vários festivais internacionais de cinema. O documentário de longa- -metragem “15 corners of the world” venceu o Festival del film Locarno 2014 - Prémio Semana da Crítica, foi exibido em festivais por todo o mundo e lançado em cinemas, plataformas VOD e na televisão polaca.
Eyes Open, Youssou N’Dour in Dakar
Eyes Open, Youssou N’Dour in Dakar
senegal 1993, 38'
Auditório Soror Mariana
26 mai / 18:00
com a presença da realizadora CELIA LOWENSTEIN

Exibido no Channel 4 (Reino Unido) em 1993 e aclamado pela crítica, este excelente documentário apresenta-nos o extraordinário Youssou N’Dour, com imagens únicas. Filmado no local e narrado por N’Dour, o filme explora os sons fantásticos da sua cidade natal, Dakar, capital do Senegal, onde ainda vive, e cujas influências moldaram a sua música. Vemos também os membros da sua magnífica banda, os Super Etoile - alguns dos quais, entretanto, já faleceram - juntamente com os tambores e as danças das festas Sabar, os cânticos religiosos dos Baye Faal, e N’Dour com os Super Etoile a atuar ao vivo no epicentro da sua música, o extinto clube nocturno Soumbedioune. Uma visita comovente à ilha de escravos de Gorée conduz a um encontro musical poderoso e sem precedentes entre N’Dour e o já falecido tocador de kora, o virtuoso Soriba Kouyaté. Vemos também N’Dour a desconstruir os complexos ritmos mbalax da sua música no seu próprio estúdio de gravação, Xippi [que significa “olhos abertos”], e os membros da banda a passear pela Medina onde N’Dour cresceu. A imagem deste músico e da sua cidade fundem-se para formar um retrato poderoso e belo de um griot moderno, uma figura pública que é, também, um dos mais famosos músicos de África.

CELIA LOWENSTEIN (EUA e França)

Realizadora/produtora/autora com mais de 50 filmes, onde se cruzam estilos que incluem ficção narrativa, musicais, documentários e filmes em verso. Com um interesse pessoal em música, ciência, arte, poesia e discurso de ideias, os seus filmes têm sido exibidos em salas de cinema e em festivais, e apresentados nos canais BBC, Channel 4 (Reino Unido), Channel 5 (Reino Unido), ARTE/ZDF (Alemanha e França), PBS, Animal Planet, NOVA, National Geographic, HBO, Discovery e Biography. Em 2019, recebeu o prémio de Melhor Documentário no International Women’s Film Festival pelo seu filme sobre a história do povo judeu através da arquitetura da sinagoga. Vive entre Paris e Santa Fé, no Novo México.