Abraham Cupeiro & Orquestra de Câmara Eborae Música
Abraham Cupeiro & Orquestra de Câmara Eborae Música
galiza / portugal
Teatro Garcia de Resende
17 mai / 22:00
O mais antigo registo de uma corna, ancestral instrumento galego, encontra-se nas ilustrações de Afonso X de Castela. A sua história remota tem sido, desde então, passada de pai para filho, até chegar por essa mesma via familiar a Abraham Cupeiro. Foi esse contacto com a corna, juntando as pontas de uma longa linha temporal, que desde cedo encantou o músico – pela possibilidade de se encontrar com tempos longínquos através das sonoridades de instrumentos que foram trancados no passado. Tem sido esse o norte do seu percurso musical, especializando-se na recuperação de instrumentos esquecidos e na construção de outros que naqueles se baseiam. Graças a uma muito pessoal viagem no tempo, Cupeiro explora a sua paixão profunda por estes sons despertados de sonos prolongados e, ao invés de se dedicar a reportórios históricos, deixa-se por eles guiar na criação de uma música de extraordinária evocação emocional e visual. Ao lado da Orquestra de Câmara Eborae Musica ou a solo (no cenário magnífico do Cromeleque dos Almendres), coloca-nos diante de uma música que soa diferente de tudo quanto antes tenhamos escutado.
Mísia
Mísia
portugal
Teatro Garcia de Resende
17 mai / 23:00
Pode parecer insólito visto do presente, mas há 30 anos, quando Mísia iniciou a sua carreira musical, o fado estava muito longe de ser um género que gozasse de popularidade. Menos ainda estava preparado para uma mulher pouco interessada em pedir a bênção a um meio, na altura, muito fechado e conservador. Mas pela imagem e pela abordagem arrojadas, pelos autores que trouxe para o fado (Agustina Bessa-Luís, José Saramago, António Lobo Antunes ou Sérgio Godinho, que para ela escreveu “Liberdades Poéticas”), pela apurada noção de espectáculo e pelo timbre único, Mísia impôs a sua identidade e conquistou um lugar que é só dela. Em 2022, celebrou as três décadas de carreira com um tríptico intitulado Animal Sentimental: um novo álbum; um livro da sua autoria, em que conta episódios da sua vida profissional e pessoal; e um concerto, que a cantora trará ao Imaterial, em que essas histórias se cruzam com a música, encenado por Tiago Torres da Silva. Numa reinvenção permanente e sempre de olhos postos no passo seguinte.
Os do Fondo da Barra
Os do Fondo da Barra
galiza
Teatro Garcia de Resende
18 mai / 22:00
Os do Fondo da Barra nasceram no seio da Asociación Cultural Xacarandaina. A associação, sediada em A Coruña, há 45 anos que desenvolve um trabalho fundamental na preservação, na recuperação e na dinamização do folclore galego. Daí que estes 12 homens ali se tenham juntado e encontrado na Xacarandaina a impulsionadora natural para a interpretação de recolhas dos cantares masculinos do património imaterial da Galiza. Em Banzo, o seu mais recente álbum, os cantadores galegos pegam nos temas tradicionais da região e dão-lhes um tratamento mais moderno, misturando cantos de taberna, com cantos de marinheiros e de acompanhamento de bailes, tudo espalhado por cima de percussões, acordeão, gaitas, bombos, saxofone e o que mais possa ampliar o alcance destas vozes profundas e festivas. Nesta passagem pelo Imaterial, Os do Fonda da Barra tanto actuam no Teatro Garcia de Resende em nome próprio, no dia 19, como se juntam na manhã seguinte, na Herdade do Freixo do Meio, aos grandes guardiães do cante alentejano na cidade, os Cantares de Évora, para um imperdível encontro entre povos irmãos.
Carles Dénia
Carles Dénia
Comunidade Valenciana
Teatro Garcia de Resende
18 mai / 23:00
A carreira de Carles Dénia tem-se pautado por uma música para onde confluem uma formação jazzística e uma pulsação da tradição mediterrânica. Cantor, guitarrista, compositor e arranjador, Dénia criou um estilo inimitável ao qual, em cada dado projecto, junta novos cambiantes. Mas se há álbum que conquistou um lugar destacado, juntando uma tradição cançonetista napolitana, arranjos dignos de Tom Waits ou Goran Bregovic e pedaços de flamenco, esse disco chama-se El Paradis de les Paraules (2011). Apesar do grande impacto que teve, poucas foram as ocasiões em que Dénia apresentou o álbum em palco; daí que, no décimo aniversário, tenha posto em marcha uma celebração sob a forma de concerto, com escala assegurada neste Imaterial. São temas belíssimos, de encontro entre jazz e tradição, compostos para servir os versos que tratam o amor, o prazer, as pequenas felicidades da vida, escritos em árabe por poetas do Al-Andalus e aqui vertidos para valenciano. Uma música cheia de camadas e de uma orgânica comovente.
Tablao de Tango
Tablao de Tango
argentina
Teatro Garcia de Resende
19 mai / 21:30
“Algumas cadeiras, um bom copo de vinho e três grandes solistas. O tango, no essencial”. Assim se apresenta o projecto Tablao de Tango, trio que junta o virtuosismo do guitarrista Rudi Flores, o prodígio da harmónica Franco Luciani e o cantor Walter “El Chino” Laborde, e que recria em palco o ambiente dos clubes de tango de Buenos Aires – não os turísticos, mas os lugares mais subterrâneos que não aparecem nos guias de viagem, nos quais nunca se sabe como uma noite pode acabar e o que pode verdadeiramente acontecer. O tango aparece aqui como lugar de intimidade entre os músicos, de partilha sem filtros de tudo que lhes agita a alma, mas também de procura de proximidade para com o público. Tangos, milongas e outros ritmos argentinos servidos numa bandeja, como um brinde ao encontro, às emoções sem pudor e aos prazeres que dão sentido à vida.
emmy Curl
emmy Curl
portugal
Teatro Garcia de Resende
19 mai / 22:30
Talvez emmy Curl só tenha aparecido no radar do grande público com a participação no Festival da Canção, em 2018, quando o pianista Júlio Resende a escolheu para interpretar a delicadeza de “Para Sorrir Eu Não Preciso de Nada”. Mas Catarina Miranda (de seu verdadeiro nome), nascida e criada nas montanhas de Trás-os-Montes, há muito que anda por aí a espalhar uma pop feérica que, com os anos, se tem aproximado cada vez mais das raízes do folclore português. Esse caminho tornou-se mais evidente com a edição do álbum Pastoral, mergulho mais profundo de emmy Curl nas melodias e nos ritmos tradicionais, filtrados pela sua sensibilidade pop. Sem qualquer romantização da ancestralidade ou do interior, esta é uma música que junta, com naturalidade, a vontade de proximidade com a natureza, a gramática de uma música indie global e uma voz que é de todo o lado sem ver nisso qualquer motivo de embaraço. Se há coisa que emmy Curl aprendeu, desde cedo, é que a liberdade está aí para ser usada.
Dasom Baek
Dasom Baek
coreia do sul
Teatro Garcia de Resende
20 mai / 21:30
Dasom Baek é uma contadora de histórias. E apresenta-nos as suas narrativas, como costuma dizer, através de uma música única, esculpida a partir de um conjunto de instrumentos de sopro tradicionais da Coreia do Sul – como o daegeum, o soguem e o saenghwang. A música que nos oferece é de um encanto difícil de explicar, quando à singularidade destas sonoridades junta uma abordagem ousada que a coloca num lugar quase impossível (mas fascinante) entre a tradição e o vanguardismo, num ponto impossível de agarrar entre o passado e o futuro. Instrumentista premiada, Dasom Baek apresenta-se habitualmente a solo, ainda que o duo formado com a violoncelista argentina Violeta García lhe tenha trazido o elogio do influente site The Quietus, mas qualquer que seja a constelação em que se apresenta é sempre a mesma intensidade soberba que coloca nas suas composições. E é sempre a sua notável capacidade expressiva a garantir que, em cada tema, nos seus concertos encontramos um magnético conjunto de histórias que, graças à sua magia, dispensam tradução.
Meher Angez Trio
Meher Angez Trio
paquistão
Teatro Garcia de Resende
20 mai / 22:30
Meher Angez nasceu na remota região paquistanesa de Gilgit-Baltistan e, diz-se, será a primeira e única cantora a ter dominado a música e a poesia locais, inscritas na tradição sufi e caracterizadas como “subtis e místicas”. Ao longo de 25 anos, Angez tem-se dedicado à sua versão dos cantos sufis e tem propagado uma mensagem de busca pela harmonia interior e pela igualdade entre todos. A voz transcendente com que a ouvimos interpretar ginans, hinos devocionais ou poemas épicos, conduz-nos por temas de amor divino, cosmologia, rituais, comportamento ético e meditação, como se nas suas melodias nos deixasse entrever as universais verdades por que pauta a sua vida. Entendendo a música como um prolongamento de valores como harmonia, unidade, paz e realização pessoal e colectiva, Meher Angez canta a humanidade com a profundidade e a sabedoria de quem cresceu numa região disputada por razões geopolíticas e fustigada por frequentes conflitos armados. Neste magnífico trio, canta para espantar a guerra e para nos relembrar daquele que deveria ser o nosso horizonte de sempre: a irmandade.
Duo Ruut
Duo Ruut
estónia
Teatro Garcia de Resende
21 mai / 21:30
A história do estoniano Duo Rutt, formado por Ann-Lisett Rebane e Katariina Kivi, é daquelas abençoadas pelo acaso e pelo acidente. Já tocavam juntas, Rebane nos teclados e vinda do jazz, Kivi no violoncelo e originária da clássica, quando a participação num festival lhes exigiu a preparação de um tema tradicional. E a epifania, depois de experimentarem várias hipóteses, chegou quando descobriram um velho instrumento regional, coberto de pó e chamado kannel (da família do saltério). Esse mundo novo que se lhes abriu desde então, partilhando o mesmo kannel, que tocam de frente uma para a outra, tem-se revelado uma prodigiosa fonte de maravilhamento. Entre temas antigos que renascem no kannel e nas suas vozes, e as novas criações baseadas na sonoridade etérea do instrumento, o Duo Ruut tanto explora canções de pescadores ou de embalar como, assim o disseram ao Público, compõem temas que possam soar “ao nevoeiro ou a uma manhã fria e escura, perigosa e esperançosa”. É tudo tão simples quanto imensamente belo.
Ustad Noor Bakhsh
Ustad Noor Bakhsh
paquistão
Teatro Garcia de Resende
21 mai / 22:30
De vez em quando, o mundo da música consegue corrigir um pouco a sua História de centralismo ocidental e de continuada negligência de culturas não hegemónicas, permitindo que músicos iluminados e vindos de paragens menos óbvias possam espalhar a sua música por todo o planeta. Ustad Noor Bakhsh é um músico paquistanês, da remota região do Balochistão, que quase aos 80 anos realizou a sua primeira digressão internacional. Tocador de benju – a adaptação regional de um instrumento de brincar japonês, levado para o Paquistão por marinheiros, com uma sonoridade que não será estranha a apreciadores de sitar e de guitarra eléctrica –, Bakhsh editou o seu primeiro álbum, Jingul, em 2022, e o súbito sucesso levou a que, no ano passado, actuasse em festivais como Roskilde e Le Guess Who?, e na maior feira profissional dedicada às músicas do mundo, a Womex. Algures entre Ravi Shankar e Jimi Hendrix, o músico improvisa, interpreta temas próprios e adapta sucessos de Bollywood, com uma tal espectacularidade que nem The Guardian e Pitchfork resistiram à sua esfusiante linguagem.
Lena Jonsson & Johanna Juhola
Lena Jonsson & Johanna Juhola
suécia / finlândia
Teatro Garcia de Resende
22 mai / 21:30
É o casamento escandinavo perfeito. Lena Jonsson é uma estrela sueca do violino, Johanna Juhola é uma referência maior do acordeão na Finlândia. Juntaram-se as duas, não à esquina, mas na fronteira entre os dois países, cada uma transportando a sua tradição e as suas composições próprias, criando um mundo único sem braços-de-ferro estéreis. Apesar de terem ambas os pés fincados nas músicas de raiz dos seus territórios, Lena Jonsson e Johanna Juhola partilham também uma natural inclinação pelas janelas de inovação que essas linguagens autorizam. Juhola, por exemplo, tem trocado as voltas ao tango, música muito popular na Finlândia, enquanto Jonsson é muitas vezes elogiada pela criação de uma variação pessoal da música tradicional sueca. Mas aquilo que escutamos, quando lhes damos ouvidos, é o quanto as duas inventam um lugar novo, negociado sem imposições, apenas uma busca musical genuína em que uma dá a mão à outra – e a partir daí, seguem juntas caminho fora.
Maite Larburu
Maite Larburu
país basco
Teatro Garcia de Resende
22 mai / 22:30
Maite Larburu viveu nos Países Baixos durante 15 anos. Foi lá que se especializou na interpretação de música antiga, tendo sido chamada a tocar com muitas das formações mais relevantes dedicadas a este reportório e fixadas na Europa Central. Até que, em 2018, decidiu voltar ao País Basco, onde nasceu e cresceu, optando por criar música original cantada em euskara (depois de abandonar o inglês) e documentada em dois excelentes álbuns – que atestam também um talento que se espraia por vários instrumentos, do seu violino habitual a cordofones vários. Actriz de teatro que pisa os palcos com regularidade, Maite Larburu tem uma perspectiva da música que incorpora um forte sentido narrativo e que, em palco, manifesta uma natural propensão para a expressividade. Krark, o seu álbum mais recente, recebeu o prémio Musika Bulegoe em 2022, e chama a si versos de amor, vida, morte, os habituais temas maiores de que a música se ocupa desde sempre. Mas raras vezes com esta contagiante e vivaz invenção.
Parveen & Ilyas Khan
Parveen & Ilyas Khan
índia
Teatro Garcia de Resende
23 mai / 21:30
É uma perspectiva muito especial da música tradicional do seu país aquela que Parveen & Ilyas Khan apresentam. Últimos degraus de uma linhagem musical que remonta a sete gerações de uma família do Rajastão, Parveen e Ilyas são filhos do famoso percussionista Hameed Khan Kawa (membro da Jaipur Kawa Brass Band), cresceram na Índia e formaram-se na música clássica da sua tradição, passada por tradição oral há mais de 3 mil anos, mas foram procurando uma abordagem pessoal e contemporânea aos ragas e às canções populares do Rajastão, a que Parveen empresta a sua serpenteante e belíssima voz. Ilyas junta-se depois com o seu virtuosismo, mas também com um exímio beatboxing próprio do hip-hop. E assim, quase sem esforço, justapõem ritmos ancestrais indianos com outros nascidos na cultura afro-americana, sobre os quais Parveen canta livremente. É como se abrissem um portal de passagem entre os dois mundos e acabassem, afinal, por permanecer nesse limbo, sem escolher nenhum dos lados.
Davide Ambrogio
Davide Ambrogio
calábria
Teatro Garcia de Resende
23 mai / 22:30
O interesse insaciável de Davide Ambrogio levou-o a deixar a região montanhosa onde nasceu e cresceu, na Calábria, para se instalar em Roma, dedicando-se a estudos de etnomusicologia. Foi assim que aprofundou a sua investigação em técnicas vocais populares, cantos de tradição oral, cantares da Sardenha, estética e polifonias da Sardenha e de Salento. Passou pelos La Sapienza e é membro dos Linguamadre, mas é no projecto em nome próprio que Ambrogio se revela especialmente magnético. O seu primeiro álbum, Evocazioni e Invocazioni, foi muito elogiado pela revista Songlines, que o dizia “mais alinhado com a arte de Kae Tempest [rapper] do que com o cânone dos revivalistas do folclore”. Partindo da voz, Ambrogio junta depois guitarra, lira calábrica, zampogna (gaita de foles), percussões e electrónica, num conjunto de temas que podem surgir como canções de embalar, manifestos sonoros ou canções de protesto, compondo um todo que mais parece uma feitiçaria dionisíaca a abater-se sobre nós.
Cocanha
Cocanha
occitânia
Teatro Garcia de Resende
24 mai / 22:00
Depois dos San Salvador e dos Barrut, o Imaterial volta a receber uma das mais fascinantes formações da riquíssima música da Occitânia. Se a tradição da região do sul de França assenta sobretudo na relação entre cantos polifónicos e percussões com uma energia capaz de levantar os mortos, não acontece de forma diversa com as Cocanha. Com a particularidade, no entanto, de tudo acontecer em torno das vozes inebriantes de Caroline Dufau e Lila Fravsse, a que as duas juntam todo o tipo de elementos rítmicos, os pés castigando o chão, as palmas impulsionando o andamento. Juntas há 12 anos, Dufau e Fravsse editaram dois álbuns soberbos, I Ès e Puput, nos quais põem em prática aquilo a que chamam “cantos polifónicos para dançar”. É música de teor minimalista, melódica e ritmicamente irresistível, aplicando novas letras (com protagonistas femininas que afirmam o seu poder) a um reportório antigo, mas que, nas suas interpretações, soa como se entre passado e presente não houvesse, no entanto, distância alguma.
Emel
Emel
tunísia
Teatro Garcia de Resende
24 mai / 23:00
Em Janeiro de 2011, no meio de uma manifestação na Avenida Bourguiba, rodeada de milhares de outros protestantes, Emel Mathlouthi levantou-se e começou a cantar a cappella “Kelmti Horra” (a minha palavra é livre), no centro da capital tunisina. Os telemóveis e as câmaras por perto não deixaram que o momento se perdesse e, num ápice, a canção tornou-se um hino da Primavera Árabe e Emel passou a ser uma das vozes mais importantes de uma juventude revoltosa e disposta a lutar nas ruas por regimes mais democráticos no mundo árabe. A cantora interpretaria depois o tema na cerimónia do Prémio Nobel da Paz de 2015, entregue ao Quarteto de Diálogo para a Tunísia. Mas aquilo que logo seduziu em “Kelmti Horra” foi, não há como escapá-lo, a voz tocante de Emel; e que continua a produzir o mesmo deslumbramento, aparecendo nos álbuns que desde então lançou acompanhada por uma instrumentação tão depressa acústica como electrónica. Em 2023, em Nova Iorque, voltou a fazer da sua música um acto político, ao gravar MRA, um álbum 100% feminino e uma ode às mulheres.
Melisa Yıldırım & Swarupa Ananth
Melisa Yıldırım & Swarupa Ananth
turquia / índia
Teatro Garcia de Resende
25 mai / 22:00
Nascida em Istambul, Melisa Yıldırım cedo descobriu o kemane (ou kamancha), tendo-se dedicado ao estudo intenso deste instrumento comum à Anatólia, à Ásia Central e ao Médio Oriente. Para isso, teve, no entanto, de ultrapassar o facto de não se tratar de um instrumento tocado habitualmente por músicos da cultura alevi, a que pertence. Ainda assim, persistiu e, aos poucos, foi acumulando prémios e uma justa atenção internacional, tendo enfrentado a solo concertos no Barbican Centre (integrado no London Jazz Festival) ou no Wow!Women of the World, ao mesmo tempo que desenvolvia o duo Talus com o guitarrista Gilad Weiss – seguir-se-ia um outro duo, de tablas e kamancha, com Swarupa Ananth-Sawkar, a ousada percussionista – e meteórica figura da música indiana contemporânea – com quem actua no Imaterial. Nas mãos de Yıldırım, o kamancha chega-nos carregado da sua profunda melancolia tímbrica, mas também de uma qualidade espiritual e transcendente, chamando a si ecos da música sufi, do folclore da Anatólia, da música tradicional iraniana e de variações contemporâneas das músicas de raiz.
Tomasito
Tomasito
andaluzia
Teatro Garcia de Resende
25 mai / 23:00
Tomás Moreno Romero é conhecido, no mundo artístico, como Tomasito. Autor de uma original e festiva mescla de flamenco, hip-pop, rock, pop e ska, o improvável e excêntrico Tomasito, diz o jornal El País, “aprendeu a rappar com um padre, dançou break dance no tablao de Los Canasteros, gravou o seu primeiro álbum graças a Lola Flores [uma lenda do flamenco] e actuou (…) com Chick Corea, Wynton Marsalis, Gilberto Gil, Rita Marley ou Youssou N’Dour”. Bailaor de flamenco como a sua mãe, rapper como ninguém antes fora na sua família, Tomasito escolheu “Jerez a Plutón” como tema de abertura do seu último álbum, Agustisimísimo – ou seja, de Jerez de la Frontera, onde nasceu, a Plutão; das raízes, ao mais longe que se pode imaginar delas. A música de Tomasito, uma celebração constante do prazer que tem em cantar e dançar, lembra o exemplo não muito longínquo de Manu Chao e nele encontramos um semelhante dínamo de palco.