Prémio Imaterial — Paulo Lima
Prémio Imaterial — Paulo Lima
Teatro Garcia de Resende
27 mai / 21:30
Na génese do Imaterial encontra-se a celebração da música como património dos povos e como factor identitário, e a insaciável curiosidade por outras culturas, provenientes de origens geográficas distintas. Mas uma celebração só pode, naturalmente, acontecer se houver quem garanta que existe o que festejar. Esse papel imprescindível - cumprido por aqueles que defendem a música de raízes e vêem nela não apenas uma matéria viva de trabalho, mas que nela encontram também um desejo urgente de fixação e de partilha de uma riqueza muito para lá de qualquer quantificação financeira - está na base da atribuição do Prémio Imaterial. Um prémio que valoriza o trabalho tantas vezes invisível, embora crucial, para que as culturas locais se mantenham vivas e não sejam engolidas pela ditura dos vários mainstreams que pairam sobre o mundo.

Depois do músico Kepa Junkera e da etnomusicóloga e produtora Lucy Durán, o Prémio Imaterial distingue o notável percurso do antropólogo Paulo Lima, cuja prática há muito incide sobre o património cultural imaterial, com um foco particular apontado às expressões musicais. Tendo dedicado parte da década de 1990 à investigação centrada nos poetas improvisadores e decimadores do Mediterrâneo e da Ibero-América, a partir de 2000 a energia e o entusiasmo de Paulo Lima foram colocados ao serviço das equipas que conquistaram as inscrições do fado, do cante alentejano, do fabrico de chocalhos e da morna nas listas do Património Cultural Imaterial da UNESCO. Tendo assumido o lugar de coordenador destas três últimas candidaturas, quis também pensar estas expressões em ligação com a coesão social, as alterações ambientais, a emergência climática e o empoderamento da mulher, reflectindo sobre o papel das tradições numa ampla dimensão sócio-cultural.

Director da Casa do Cante entre 2012 e 2016, e investigador da Reforma Agrária em Portugal, Paulo Lima trabalha actualmente sobre o dossier de candidatura das bandas filarmónicas portuguesas à lista da UNESCO. Convicto de que o património está por todo o lado - é só saber escutá-lo, interpretá-lo, amplificar a sua vitalidade e a sua dignidade.

Prémio - escultura de PEDRO FAZENDA