CICLO DE CINEMA DOCUMENTAL

18 a 23 de Maio no Auditório Soror Mariana, a partir das 18h00
ENTRADA LIVRE

Todos os filmes são selecionados pela professora LUCY DURÁN, curadora do ciclo de cinema da 4ª edição do Festival Imaterial. Trata-se de um conjunto de documentários etnográficos excepcionais feitos por realizadores consagrados.

O tema central do ciclo é a relação entre a música tradicional e a terra. Os filmes abrangem uma vasta área geográfica (do Quirguistão a Cuba) e um período temporal de 50 anos. O filme mais antigo é de 1984, What´s Cuba Playing At que será exibido no dia 23 de maio, e o mais recente é a estreia europeia de The Nightingales' Song, na sessão de 18 de maio.

Todos os filmes serão antecedidos de uma apresentação em vídeo de 3 a 5 minutos, sempre que possível, pelo realizador ou por um membro próximo da equipa.

SAODAT ISMAILOVA

Tengir-Too é um retrato comovente de músicos tradicionais do Quirguistão, tanto de ambientes rurais como urbanos, e que mostra como a música nómada teve de se readaptar à urbanização e está a tentar sobreviver e adaptar-se aos tempos modernos. O documentário, filmado no local por Saodat Ismailova para o Programa de Música Aga Khan, apresenta contadores de histórias épicas, instrumentistas e cantores que tocam e falam sobre a sua música. Este pequeno documentário é a introdução perfeita ao tema do ciclo de cinema do Festival Imaterial 2024: a relação entre a música e a terra.

SAODAT ISMAILOVA

Saodat Ismailova, realizadora e artista uzbeque, formada pelo Instituto Estatal de Arte de Tashkent e pelo Estúdio Nacional de Artes Contemporâneas de Le Fresnoy, em França. Entrelaçando mitos, ritualidade e sonhos na tapeçaria da vida quotidiana, os seus filmes investigam a cultura historicamente complexa e estratificada da Ásia Central, que se encontra na encruzilhada de diversas histórias e legados migratórios. Iniciou o grupo de investigação Davra na Ásia Central, em 2021. Em 2022, participou na 59.ª Bienal de Veneza e apresentou novos trabalhos na exposição Documenta Fifteen. Também em 2022, recebeu o prémio The Eye Art & Film Prize, em Amesterdão. As suas obras integram as colecções do Museu Stedelijk (Amesterdão), Centro Pompidou (Paris), Museu Guggenheim (Abu Dhabi), FRAC Córsega, entre outras.

TENGIR-TOO, MOUNTAIN MUSIC FROM KYRGYZSTAN
Quirguistão 2003, 20'
THE NIGHTINGALE’S SONG
Inglaterra 2024, 40'
Auditório Soror Mariana
18 MAI / 18:00

EMMANUEL VAUGHAN-LEE, ADAM LOFTEN

Estreia Europeia

Há mais de um milhão de anos que as vozes dos rouxinóis iluminam as florestas de Inglaterra durante as noites de verão, inspirando gerações de escritores, artistas e músicos. Mas, devido ao impacto causado pelas alterações climáticas e o desenvolvimento nos locais de hibernação e nidificação das aves, estes poderão vir a desaparecer do país nos próximos 50 anos.

The Nightingale’s Song (O canto do rouxinol), dá-nos a conhecer Sam Lee, um cantor inspirado numa antiga linhagem de música tradicional que estudou e aprendeu com viajantes escoceses, e o seu encontro com esta ave esquiva que resulta num canto mútuo e espontâneo.
Ao reentrelaçar as vozes humanas com o virtuosismo criativo do rouxinol, Sam evoca uma relação profunda de cuidado, protecção e amor com estas criaturas notáveis e com o mundo vivo que partilhamos. O delicado equilíbrio entre a natureza e a música retratado neste filme está em perfeita sintonia com os valores do Festival Imaterial, que se orgulha de apresentar a sua estreia europeia.

EMMANUEL VAUGHAN-LEE

O realizador Emmanuel Vaughan-Lee foi nomeado para os prémios Emmy e Peabody, é fundador e editor executivo da Emergence Magazine. Realizou e produziu inúmeros filmes premiados, incluindo: Earthrise, Sanctuaries of Silence, The Atomic Tree, Counter Mapping, Marie's Dictionary, Isle de Jean Charles, Elemental, A Thousand Suns e What Would it Look Like.

ADAM LOFTEN

O co-realizador Adam Loften foi nomeado para os prémios Emmy e Peabody; os seus projetos estrearam no SXSW e Tribeca e foram exibidos em festivais de cinema por todo o mundo. O seu trabalho está presente na PBS, National Geographic, Emergence Magazine, The Atlantic, The Guardian e The New York Times.

TENGIR-TOO, MOUNTAIN MUSIC FROM KYRGYZSTAN
Quirguistão 2003, 20'
THE NIGHTINGALE’S SONG
Inglaterra 2024, 40'
Auditório Soror Mariana
18 MAI / 18:00

JEREMY MARRE

Exibido pela primeira vez na série televisiva da BBC "Under the Sun" em 1991, este documentário apresenta a história única dos extraordinários grupos de teatro itinerante "Hira Gasy" de Madagáscar (uma tradição actualmente em vias de extinção). O filme segue uma grande família multigeracional com o seu avô canhoto (que faz a maior parte dos comentários ao filme) enquanto viajam em busca de meios de subsistência através das terras altas do centro de Madagáscar, vivendo num autocarro decrépito e parando no campo para ensaiar novas rotinas. Actuam principalmente nos animados rituais fúnebres, quando os corpos, na sua maioria apenas ossos, são carinhosamente exumados da sepultura, embrulhados pelas famílias em panos limpos e, depois, transportados pela multidão, num alegre acto de recordação dos antepassados que é único nesta ilha. Apesar da pobreza avassaladora, o canhoto e a sua família estão cheios de orgulho na sua arte, que exibem com humor e criatividade.

JEREMY MARRE

Jeremy Marre (1943-2020), prolífico e aclamado realizador britânico de documentários, dirigiu mais de 100 filmes, muitas vezes explorando e apresentando a novos públicos a música popular e tradicional de todo o mundo. Um dos seus primeiros êxitos foi Roots Rock Reggae (1977), filmado em Kingston, na Jamaica, a que se seguiu o resto da pioneira série Beats of the Heart (1977-1983), acompanhado de um livro. Outros trabalhos dignos de nota incluem On The Edge: Improvisation in Music (1992), narrado por Derek Bailey; Soul Brittania (2007); e filmes biográficos de um grande número de artistas e músicos conhecidos, incluindo James Brown, Amy Winehouse e "The Capeman", com Paul Simon. Jeremy Marre foi também um brilhante entrevistador, que inspirava confiança nos seus convidados. The Left-handed Man é um exemplo do seu singular trabalho.

BERNARD LORTAT-JACOB e HÉLÈNE DELAPORTE

Este filme comovente, realizado pelo célebre etnomusicólogo francês Bernard Lortat-Jacob, segue o rasto de Shaban Zeneli, um talentoso cantor do sul da Albânia, que atravessa clandestinamente a fronteira com a Grécia para se reunir com a família e interpretar as belas canções polifónicas comunitárias da região. Este é o "país perdido", conhecido como Chameria, cujos habitantes são conhecidos como Chams (em grego, Tsamides). Chameria compreendia o que é hoje parte do sul da Albânia e do noroeste da Grécia, que partilham a língua, a história e a música. Em 1912, com as Guerras dos Balcãs, esta região foi dividida em duas, tendo a Grécia reclamado a maior parte da Chameria. Mais tarde, em 1944-45, os Chams muçulmanos do lado grego foram perseguidos, tendo muitos deles fugido para o outro lado da fronteira e muitos outros sido massacrados. Esta história dolorosa e pouco conhecida de “um país perdido" é o pano de fundo da forte ligação emocional de Shaban Zaneli à memória de Chameria, que ele traduz em canções cheias de sentimento entoadas à volta da mesa de jantar, na Grécia, com a família e os amigos a juntarem-se informalmente a uma polifonia sublime - certamente um dos maiores tesouros musicais dos Balcãs.

BERNARD LORTAT-JACOB

Bernard Lortat-Jacob é um dos etnomusicólogos mais ilustres e reconhecidos a nível mundial, com uma longa lista de publicações, incluindo livros, gravações áudio e documentários. O papel que a música desempenha nas noções de personalidade e identidade é uma das suas principais preocupações, como é evidente no filme Singing for a Lost Country. É provavelmente mais conhecido pelo seu trabalho sobre a polifonia da Sardenha, patente no livro Sardinian Chronicles, de 1995, célebre pelas descrições vivas e de enorme beleza dos diferentes tipos de música tradicional, sagrada e secular, na ilha que considera o seu lar espiritual; mas também trabalhou sobre tradições profundas em Marrocos, na Roménia, na Albânia e noutros locais do Mediterrâneo.

MIKE DIBB

Este filme alegre e vibrante foi rodado em Cuba, por ocasião do 25º aniversário da Revolução, pelo premiado realizador Mike Dibb, em 1984, um ano de notável criatividade musical na ilha. O filme é um quem é quem da constelação de músicos cubanos lendários, apresentando imagens surpreendentes de grupos nas suas formações emergentes, como Los Van Van, Irakere, Muñequitos de Matanzas e Changüí de Guantánamo, todos ainda hoje em actividade; tem também imagens únicas de alguns dos maiores líderes de banda e compositores cubanos, há muito desaparecidos, como Enrique Jorrín, que mostra, com imenso encanto, como criou o Cha cha cha, um dos géneros musicais cubanos mais importantes dos anos 50 e 60. Um filme que vai, decerto, prender todos os amantes da música cubana e do seu legado mundial.

MIKE DIBB

Mike Dibb, produtor e realizador de documentários britânico, há muitos anos que realiza filmes para a televisão sobre temas que vão do cinema e da música à arte, desporto, literatura, ciência e cultura popular. Entre eles, contam-se vários filmes com o escritor britânico John Berger, a começar por Ways of Seeing (prémio BAFTA do Reino Unido em 1972) - a série televisiva da BBC de enorme impacto e o subsequente best-seller sobre arte. Para além de What's Cuba Playing At, os documentários musicais de longa-metragem de Dibb incluem The Miles Davis Story (prémio NY EMMY 2001), Keith Jarrett - the art of improvisation e Tango Maestro - the life and music of Astor Piazzolla.