Música, arte, ciência e a descolonização da história
Música, arte, ciência e a descolonização da história
Teatro Garcia de Resende
20 mai / 18:00
pelo historiador SANJAY SETH seguido de debate com o musicólogo JOÃO PEDRO CACHOPO e a historiadora de arte MARIANA PINTO DOS SANTOS

A disciplina da História presume-se como um saber universalmente válido, capaz de revelar o que foi o passado de qualquer região do mundo. Contudo, nas últimas décadas, a crítica pós-colonial tem chamado a atenção para o caráter situado de todo o conhecimento e, em particular, do que é produzido pela História e pelas Ciências Sociais. Tendo como pano de fundo este contexto, o historiador Sanjay Seth explorou recentemente os desafios que a música, a arte ou a ciência colocam à disciplina da História e a alguns dos seus pressupostos fundamentais. Para conversar com ele, convidámos o musicólogo e filósofo João Pedro Cachopo e a historiadora Mariana Pinto dos Santos. A moderação é do historiador Luís Trindade.

SANJAY SETH

Professor no Goldmsiths College, Universidade de Londres.

JOÃO PEDRO CACHOPO

Investigador no CESEM/IN2PAST.

MARIANA PINTO DOS SANTOS

Investigadora no IHA/IN2PAST.

LUÍS TRINDADE

Professor na Universidade de Coimbra.
De Cuba a Cuba: do Alentejo ao Caribe
De Cuba a Cuba: do Alentejo ao Caribe
Teatro Garcia de Resende - Salão Nobre
21 mai / 16:00
com CATARINA LARANJEIRO e JOSÉ NEVES
Sessão organizada com o Laboratório Associado IN2PAST

Foi no Alentejo, mais especificamente na zona de Cuba, que, em início dos anos 50, Amílcar Cabral realizou a sua monografia de fim de curso, dedicada à problemática da erosão do solo naquela zona. Já Engenheiro Agrónomo, partiria depois para a Guiné, ao serviço do Estado colonial, mais tarde comprometendo-se com a luta contra o Império Português, mobilizando apoios internacionais muito variados, entre eles destacando-se, a partir de meados dos anos 60, o de Cuba. Este apoio assumiu uma componente militar, mas também formação cultural, nomeadamente no domínio do cinema. Nesta comunicação, onde serão exibidos documentos, fotografias e filmes de arquivo, propõe-se uma viagem transnacional pela segunda metade do século XX.

CATARINA LARANJEIRO

Investigadora do IHC/IN2PAST.

JOSÉ NEVES

Investigador do IHC/IN2PAST.
O Cante como lugar de futuro
O Cante como lugar de futuro
Teatro Garcia de Resende - Salão Nobre
24 mai / 18:00
com AMÍLCAR VASQUES DIAS, JOÃO MATIAS e PATRÍCIA PORTELA
moderado por GONÇALO FROTA

A inscrição no Património Imaterial da Humanidade traz consigo uma responsabilidade na preservação das músicas e das culturas que figuram nessa lista. Porque a selecção da UNESCO não pretende ser um arquivo de manifestações passadas à História, mas antes um compromisso actuante de salvaguarda de costumes que possam saber perpetuar-se no tempo. A preservação, no entanto, não deve ser uma prisão e “embalsamar” géneros vivos. Deve permitir-lhes criar novas declinações e encontrar formas de se manter relevante. No caso do cante coral polifónico alentejano, algumas tentativas recentes de criar novo reportório fazem pensar em caminhos que o género pode tomar, permitindo expandir-se e repensar-se, e não apenas replicar a mesma imagem que o género possa ter de si. A sobrevivência depende também, afinal, de continuar a fazer sentido para novos intérpretes e novos criadores.

JOÃO MATIAS

Coordenador do Museu do Cante; formado em Antropologia Social; foi professor, director do Diário do Alentejo e colaborador de várias outras publicações em Portugal e no Brasil; foi responsável pelas divisões de Cultura, Desporto e Educação da Câmara Municipal de Serpa.

AMÍLCAR VASQUES-DIAS

Compositor e pianista; completou os estudos superiores de Piano e de Composição, foi bolseiro da Fundação Gulbenkian e concluiu o Curso Superior de Composição no Conservatório Real de Haia (Holanda); tem apresentado as suas obras nas programações de salas e de festivais de todo o mundo, e trabalhado a relação com as músicas tradicionais, em particular com o cante alentejano no projecto Entre Cante e Piano.

PATRÍCIA PORTELA

Autora de performances e obras literárias; formou-se em Realização Plástica do Espectáculo, completou um mestrado em Cenografia e Dramaturgia do Espaço, e realizou uma pós-graduação em Teatralidade e Performatividade. As suas obras literárias e teatrais têm recebido vários prémios; foi directora do Teatro Viriato; em 2022, no âmbito do Futurama, escreveu uma letra para o grupo de cante Os Moços da Aldeia.
Apresentação “Inscrição das Culturas Crioulas no Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO”
Apresentação “Inscrição das Culturas Crioulas no Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO”
Teatro Garcia de Resende - Salão Nobre
26 mai / 19:00
Por delegação oficial das Seychelles - DAVID ANDRE, PATRICK VICTOR, MARC LINTS

A partir de uma iniciativa do National Institute for Culture, Heritage and the Arts das Ilhas Seychelles, avança uma candidatura que defende a inclusão das culturas crioulas na lista de Património Imaterial da UNESCO. Ao contrário das habituais propostas que se centram
em expressões culturais próprias de uma região concreta, neste caso é uma identidade crioula - comum a várias geografias - que pretende ver reconhecida a sua especificidade e a riqueza do seu património comum. É a valorização dessa cultura, com efeitos e marcas em áreas tão distintas quanto educação, arquitectura, empreendedorismo, ambiente, planeamento urbanístico, habitação, imigração, artes, gastronomia, etc., partilhada por várias comunidades, que se encontra no centro desta justa pretensão. E que nos implica na certeza de que as culturas não existem delimitadas por linhas traçadas num mapa.

DAVID ANDRE

Secretário-geral do Instituto Nacional das Seychelles para a Cultura, Património e as Artes e Presidente da Câmara de Victoria.

PATRICK VICTOR

Embaixador Cultural.

MARC LINTS

Consultor do Gabinete do Secretário-Geral das Seychelles.
An(other) Art of Existence: Vagar
An(other) Art of Existence: Vagar
Teatro Garcia de Resende - Salão Nobre
27 mai / 16:30
por PAULA MOTA GARCIA, coordenadora da Equipa de Missão Évora_27 Capital Europeia da Cultura

Como pode uma capital europeia da cultura propor uma resposta para o futuro da humanidade? Como pode a cultura, enquanto modo de ser e de estar das gentes de um território do sul da Europa, ser lugar de partida e de chegada para repensar a relação do humano com tudo o que o rodeia? Como pode essa missão reposicionar todo um legado cultural no mundo? Questionar, provocar, partilhar soluções é essa a essência de Évora_27 inspirada pelo VAGAR alentejano, reforçando­-o como princípio para a coexistência até 2027 e mais além.
Conversa com o realizador Tony Gatlif
Conversa com o realizador Tony Gatlif
Teatro Garcia de Resende - Salão Nobre
27 mai / 18:00
apresentação por MICHEL WINTER - manager e produtor musical

Nascido Michel Dahamani em 1948, na Argélia, filho de pais Romani de origem espanhola, viria a assumir como nome artístico Tony Gaftlif. Depois de uma juventude rebelde passada em França, havia de encontrar no cinema o meio para contar as suas histórias, muitas vezes atravessadas por narrativas liga­ das aos povos ciganos e à sua cultura em especial a música. Se estas temá­ticas surgiram logo em Corre Gitano e Les Princes, duas das suas primeiras obras, andaram sempre por perto e tornaram-se o centro da “trilogia cigana” que o afirmou em definitivo no circuito internacional ­ iniciada com Latcho Drom, documentário sobre a música Roma que venceu o prémio Un Certain Regard no Festival de Cannes de 1992. O segundo filme da trilogia (completada por Mondo) chamar­-se-­ia Gadjo Dilo, a sua obra mais popular até hoje, história de um jovem francês que se apaixona pela voz de uma cantora cigana e que parte para a Roménia à sua procura (replicando movimento do realizador em busca das suas origens). Cannes voltaria a coroá­lo com o Prémio de Melhor Realizador, graças ao filme autobiográfico Exils (2004). Assumindo que as palavras seriam insuficientes para desarmadilhar preconceitos, Tony Gatlif fez da música e do cinema a defesa da cultura e do povo cigano ­ enquanto celebração que espelha toda a sua exuberância, sua a visceralidade e a sua complexidade.